Corticóides –  Efeitos adversos na infância.

Corticóide ou corticosteróide é o nome dado a um grupo de hormônios esteróides produzidas pelas glândulas supra-renais ( glândulas adrenais), ou aos derivados sintéticos destes.

O hormônio glicocorticóide produzido naturalmente pelo nosso organismo é o cortisol, ele é derivado do colesterol e em níveis normais é essencial para a vida. O cortisol tem ação no metabolismo da glicose, nas funções metabólicas do organismo, na cicatrização, no sistema imune, na função cardíaca, no controle do crescimento, e em muitas outras ações básicas do nosso corpo.

O cortisol também é conhecido como um hormônio de estresse  pois sua produção é aumentada toda vez que nosso organismo encontra-se sob estresse físico, tais como : traumatismos, infecções e cirurgias. O cortisol aumenta a disponibilidade de glicose e energia, eleva a pressão arterial e prepara o organismo para sofrer e combater insultos.

Situações em que a sua produção está alterada levam a patologias como, a Doença de Addison quando há diminuição de produção, ou a Síndrome de Cushing quando esta está aumentada.

Existem várias formulações sintéticas de corticoides, as mais usadas na prática médica são a prednisona, prednisolona, hidrocortisona, dexametasona, metilprednisolona e beclometasona. E podem ser utilizadas pelas mais variadas vias: oral, endovenosa, inalatória, nasal, otológica, cutânea e outras. Cada um deles tem melhores efeitos quando aplicados a um quadro clínico específico e o seu uso deve sempre ser orientado por um médico.

Os corticóides sintéticos são mais potentes que o cortisol natural, exceto pela hidrocortisona que apresenta potência semelhante.

Indicações dos corticóides

Os corticóides em geral são drogas que conseguem modular processos inflamatórios e imunes do nosso organismo, tornando-se extremamente úteis em uma infinidade de doenças.

Qualquer doença de origem alérgica, inflamatória ou autoimune pode ser tratada com algum desses corticóides.

As doses diárias equivalentes a 5-10mg de prednisona no adulto ou 3-5 mg/m2 na criança são chamadas de doses fisiológicas por serem compatíveis com a produção diária natural de cortisol. Nestas doses, os corticóides sintéticos apresentam apenas efeito anti-inflamatório.

Conforme a dose vai sendo elevada, a prednisona, ou qualquer outro corticóide, começa a apresentar efeitos imunossupressores, o que justifica os seu uso nas doenças auto-imunes e no transplante de órgãos.

Em situações normais a secreção de cortisol pela suprarrenal apresenta um ciclo circadiano, ou seja, sofre alterações de acordo com o período do dia. Durante as primeiras horas da manhã a sua secreção está muito elevada, reduzindo-se ao máximo por volta das 23h. Por isso, optamos por administrar os corticóides durante a manhã para tentar simular a secreção fisiológica que o organismo está habituado e diminuir os efeitos colaterais.


Efeitos colaterais dos corticóides na criança


Algumas pessoas têm o mal hábito de guardar o que sobra dos remédios após o uso prescrito pelo médico para utilizá-los em situações mais leves, como picadas de insetos, pequenas lesões na pele ou até mesmo crises de tosse, o que é totalmente contra-indicado. O correto é utilizar o remédio somente pelo tempo determinado pelo seu médico.
Pessoas com doenças crônicas específicas necessitam de altas doses de corticóide ou do seu uso por tempo prolongado e normalmente têm que lidar com os efeitos adversos desses medicamentos,.
Nesses casos, e nos casos de abuso da medicação, elas podem desenvolver a síndrome de cushing, que ocasiona: ganho de peso, prejuízo da maturação óssea e osteoporose, prejuízo do crescimento, distúrbios da maturação sexual, fraqueza, retenção de líquidos, afinamento da pele e surgimento de estrias, acne, aumento da pilificação, hipertensão, aumento da glicemia, diabetes, infecções recorrentes e/ou graves, distúrbios de humor e do sono, entre muitas outras alterações.
Se o medicamento necessita ser administrado por um tempo mais prolongado, o médico deve orientar o paciente como fazer a interrupção gradual da ingestão do corticoide, já que a interrupção brusca do remédio também pode causar problemas graves para o paciente, como hipotensão, taquicardia, choque, desidratação e até expô-lo ao risco de morte. Isso porque o uso do corticóide por muito tempo, inibe a produção natural de cortisol pela supra-renal. Como os corticóides sintéticos têm uma meia-vida de algumas horas apenas, a suspensão abrupta faz com que após esse período os níveis de cortisol fiquem próximo de zero o que  chamamos de  insuficiência adrenal.
Quando a supra-renal fica muito tempo inibida pelo administração de corticóides exógenos, ela demora até meses para voltar a produzir o cortisol natural e em alguns casos assim permanece de forma permanente.
Para diminuir esses efeitos adversos, existem algumas estratégias indicadas pelos médicos como a administração de doses matinais únicas em dias alternados. Fora isso, algumas atitudes podem ser combinadas, como o uso de suplementes de cálcio e vitamina D, a prática de exercícios físicos e a restrição de sal na alimentação.

Nunca se deve extender, reintroduzir ou suspender o tratamento com corticóides sem conhecimento do seu médico.